quarta-feira, 9 de março de 2011

Mais Porrada na Young Champion

Mais Porrada na Young Champion


Figthing Jyugemu
Quando uma revista japonesa vem com o sufixo Young e é derivada originalmente de um título com o sufixo Shonen, significa que de modo geral a revista cumpre um papel de transição etária das revistas para adolescentes para as revistas para adultos. Muitas vezes o conteúdo desses títulos não é formalmente tão diferente dos títulos para garotos; apenas introduzem elementos "perigosos", como nudez e uma dose bem maior de violência, mas ainda se baseiam nos conceitos básicos dos universos presentes nos quadrinhos juvenis. Tirem esses elementos de muita coisa que vocês leitores pensam ser adulta e verifiquem se o material continua tão adulto assim: parte respeitável do material de uma Young Magazine poderia estar numa Shonen Magazine não fossem seios e sangue. Não à toa, os franceses não chamam esses materiais de "seinen"; deixam o termo para obras mais maduras, e classificam materiais como Bastard! e Gantz, muito acertadamente, como "Young Shonen", se referindo justamente ao sufixo "Young" dessas revistas: títulos para garotos com elementos que garotos em tese não deveriam ler.
Mas há alguns casos curiosos. A linha de títulos Shonen Champion, da Akita Shoten, se manteve no mercado – e estabeleceu uma identidade própria como revista – preservando a natureza crua e dura dos quadrinhos para garotos dos anos setenta, e evitando o amaciamento que veio nas duas décadas seguintes. O problema é que essa natureza nas outras editoras acabou migrando para os "Young" da vida. Se Hiroshi Takahashi batesse à porta da Shonen Jump com seu Crows (um dos ícones da griffe Shonen Champion), eles seria encaminhado para a editoria da Young Jump em dois tempos. Então como se tornar "mais adulto" (vamos pôr isso entre aspas BEM grandes) se seu material supostamente juvenil já está acima do tom?
A solução é simples: radicalizar. E quem parece cumprir essa função dentro da estrutura editorial da Shonen Champion não é a revista que pela ordem natural das coisas deveria fazê-lo, a Young Champion; é a Champion Red. É só olhar a Young Championgrade de títulos da revista: materiais como Seikon no Qwaser, Change 123, Yomeiro Choice e Shigurui mostram que eles operam um tom acima do que já estava acima do tom em sua versão juvenil – e com isso a existência de uma Young Champion meio que perde o sentido. Mas ela existe – e parece carecer de uma identidade marcante, como a Champion Red tem. A Young Champion já teve materiais interessantes em seu currículo como Alien Nine de Hitoshi Tomizawa (que apesar de ser mais conhecido, não passou de rascunho para temas que viriam ser melhor desenvolvidos em Milk Closet), Ikebukuro West Gate Park e Battle Royale – e para quem interessar possa, tem também Cross and Crime, atual trabalho de Kyo Hatsuki (a mesma autora de Love Junkies, o mesmo título que no Brasil derrubou medalhões como Inu-Yasha e Full Metal Alchemist nas bancas). Mas suas diretrizes editoriais parecem muito mais difusas, enquanto você consegue identificar claramente qual é a de uma Champion Red, que ocupou o papel que uma revista com o sufixo "young" deveria ocupar na estrutura da Akita Shoten.
E eis que vamos à vaca fria: está estreando na edição de agosto da Young Champion a série Fighting Jyugemu, de Masami Nobe – baseado no romance de Danjiro Tatekawa. A história é sobre um professor aprisionado em uma vida medíocre que, após apanhar de bandidos, acaba decidindo aprender a lutar – o que o leva para os ringues e para uma nova visão de mundo. Okay, okay, a premissa parece ser muito boa. Mas ele aparentemente ainda não vai ser esse o material que vai deixar a identidade dessa revista marcante para seu leitor.

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