sábado, 25 de setembro de 2010

Temporada de animes 2010/2011

Primeiras Impressões: Break Blade



Kara no Kyoukai é um dos animes mais famosos dos últimos anos – e com razão. Adaptação de uma popular série de light novels publicados por Nasu Kinoko [sendo a primeira obra do autor famoso também por Fate/stay night] que feita de um jeito diferente pelos produtores – e que deu tão certo que virou referência. Sete filmes, com orçamento e a maior liberdade características dessa opção, lançados inicialmente na tela grande [claro, em circuito reduzido, afinal são produto de nicho], onde arrecadam em vez de perder dinheiro comprando horário na madrugada como é o padrão, e posteriormente – claro! – em DVD/BD.

O modelo inspirou a produção do ainda mais bem sucedido Gundam Unicorn [que partilha o conceito do formato cinematográfico, mas teve lançamento diferenciado] – que obviamente também é impulsionado por ser a primeira animação no universo principal da franquia em 12 anos. Mas o mais próximo da bem-sucedida fórmula é Break Blade.


Até aqui estão confirmada a produção de somente seis filmes de cinquenta minutos cada [e o retorno não parece estar sendo dos melhores – a venda dos dois filmes lançados até aqui está em menos de dez mil discos por unidade, o que para cinema é ruim], sendo que os dois primeiros foram lançados estrategicamente quase em sequência – apesar do primeiro ser efetivo para introdução na história, é bem-vindo o segundo, que desenvolve os dois personagens principais desta.

Os dois filmes que iremos tratar aqui obviamente tem ligação forte com o outro – afinal, contam a mesma história! – mas não são, como se pode pensar, um filme de cem minutos dividido em dois. São dois filmes de cinquenta minutos com a estrutura até parecida – ação concentrada no miolo do filme, núcleos bem divididos, roteiro movido por diálogos até demais – mas tem focos diferentes: como dito acima, o primeiro é uma grande introdução do mundo da história [focado no que interessa, o pequeno e desértico reino de Krisna] e aos personagens – principalmente o quarteto de jovens protagonistas.
Rygart Arrow [bem, Break Blade, que na verdade deveria-se chamar “Broken Blade” [Espada Quebrada] – uma boa definição para o robô principal –, é mais uma obra recheada dessa salada de nomes que o TvTropes chama de “Aerith and Bob”] é uma pessoa diferente de todos do continente Cruzon – justamente por não ter a habilidade de controlar cristais – base da sociedade local. Nosso herói é tirado da vida medíocre, mas segura que vivia nos campos de Krisna por uma carta do rei Hodr – com quem estudou em uma escola de elite – para testar um robô do passado que não consegue ser controlado através do domínio de cristais. Claro que ele – e só ele – consegue, e a esta dupla especial será primordial no conflito crescente entre as nações do continente.

Esta pequena sinopse apresentada acima deixa bem claro que Break Blade quer no fundo recontar a mesma história de sempre. Além do herói e do rei amigo que lhe confia a missão, temos ainda o rival/inimigo, Zess, que por ser de outra nação está do outro lado da guerra, e o potencial interesse amoroso [e gênio das ciências de plantão], Sigyn – que é casada com Hodr mas... o passado do quarteto na academia pode ter relação com o desfecho da história e deve ser mostrado.
Mas claro que mesmo nas histórias clássicas há o sabor da época em que foram feitas. E no caso de Break Blade, algumas características diferenciadoras aparecem: desde os mechas bem-desenhados seguindo um padrão mais esguio popularizado por Evangelion [e exagerado na humilde opinião deste palpiteiro em obras como Star Driver] e que são pensados como máquina de guerra até a medula [o que os fãs de mecha costumam chamar de Real Robot, robô realista em inglês] – mesmo o robô principal, que é tratado em parte no plano mitológico [afinal, é uma relíquia de um tempo já perdido], não está assim tão na frente dos demais – até o papel de Hodr, que é ativo apesar da covardia [o costume é esse tipo de personagem ser trabalhado como marionete de alguém mais importante] que está na base de seu personagem.

Além disso, o fato de ser uma obra para cinema traz a tona o diferencial da excelente animação produzida pelo I.G.PORT através de seus estúdios Production I.G. e XEBEC. Não é o melhor disponível no mercado, mas é visível o bom-gosto envolvido nas escolhas – o melhor são as belas tomadas de muito longe das cidades futuristas e planejadas do mundo, mas o fato de não haver muito o que reclamar é um ótimo sinal. Claro, os desertos onde rolam as batalhas soam como sendo “tudo a mesma coisa”, além destas serem um pouco paradas [no que o realismo apontado acima influi, claro], mas nem são problemas gritantes. No entanto, a parte sonora é apenas razoável – falta criatividade e o tom de Oriente Médio da série [do cenário a cor de pele do rei de Krisna, é uma influência óbvia] é deixado um pouco de lado para a fantasia ocidental de sempre.
Voltando a divisão de funções entre os filmes, se o primeiro foca na apresentação, o segundo apresenta a rivalidade entre Rygart e Zess em crescente – assim como a guerra. Após o previsível primeiro [de vários] encontro, eles presenciam a dura realidade da guerra – e esta começa a endurecer seus corações. A forma pela qual a guerra é apresentada não chega a realmente tocar alguém – afinal o filme não possui um tom pessimista – mas é até efetiva. Mesmo não sendo mais adolescentes [Zess afirma ter 25 anos e ser pai de uma criança de 2, por exemplo] como em muitas outras séries, os acontecimentos – que até pela maior naturalidade aceitam com menos drama que costumamos ver – só tendem a piorar [mas não a níveis depressivos].

Outro aspecto deste segundo filme é o final, apresentado de forma excessivamente abrupta. Parece até que passaram-se alguns meses [o que não é realidade] entre antes e depois dos créditos. Como afirmado antes, a conclusão da série nos moldes inicialmente planejados não é algo que está totalmente certo – não me surpreenderia uma conclusão acelerada, com diversos acontecimentos sendo cortados pelo caminho.
Os dois primeiros filmes da série Break Blade mostram que foi dado um amplo orçamento e relativa liberdade [mesmo que bem pouco usada] para a adaptação de uma história até já contada muitas vezes, mas que é uma boa diversão para quem não espera uma obra de arte. Faltou um certo refinamento nos personagens e na situação, mas também não ocorreram erros colossais – e para quem é fã de uma animação bem-feita [além do citado alto orçamento, as escolhas de design e a alocação dos recursos foram efetivos] ou de robôs gigantes, é uma escolha praticamente certa. Também recomendado para quem curte uma história com uma pegada mais clássica [tanto que as roupas do rei e da rainha dão o clima capa-e-espada, mesmo que quebrado pela camisa-e-jeans do protagonista]. Mas não espere uma história complexa [até porque o foco são nos personagens, não no mundo mágico da história – mesmo os cristais tem cara de artifício de roteiro], e mesmo os personagens são construídos apenas razoavelmente [mas bem que há potencial na história de Hodr].

FICHA TÉCNICA
Criador: Yunosuke Yoshinaga
Character Design: Takushige Norita
Roteiro: Masashi Sogo [Bleach, Gantz, Tennis no Ouji-sama]
Direção: Tetsuro Amino [Shiki]
Estúdio de Animação: Production I.G. e XEBEC
Ano: 2010
Duração: 51 minutos em cada um dos dois filmes até aqui
Formato: Filme em formato BD [1080p] e DVD [480p]
 



E começa o Hype para Outubro/10...



Mal começa uma temporada e já estamos na expectativa para próxima – afinal, ao contrário do que alguns pensam, um projeto muitas vezes começa anos de ser exibido [as ideias para Angel Beats! começaram em 2007; a controladora do estúdio Production I.G. anunciou recentemente para “2012 ou 2013” a continuação de um projeto bem-sucedido]. Entre diversos guias falsos que surgiram para brincar com a vontade de minha gente [afinal, quem não quer uma continuação de Kaiji ou uma animação de Yotsuba&?], surgiram alguns reais, com 30 animações para TV já listadas, sem contar os diversos OVAs. Além do recomendado presente AQUI, temos também essa outra AQUI feita pelos japoneses que em vez de contar uma breve sinopse, traz a lista com os dubladores dos principais personagens. Sinal dos motivos que levam certo público de lá a ver anime X ou Y.

As principais apostas deste blogueiro para Outubro são Bakuman e Panty&Stocking, duas ideias frescas com um belo time envolvido. Bakuman é a adaptação do famoso manga feito pelos mesmos autores de Death Note sobre dois garotos que querem se tornar mangakas produzida pelo mesmo estúdio e diretor da excelente primeira temporada de Nodame Cantabile. Esse anime entra na NHK sábado à tarde no lugar da sexta temporada de Major [aliás, o diretor Kenichi Kasai é o diretor das primeiras três temporadas do popular anime de beisebol] e se estende por 26 episódios – ao menos em uma primeira temporada.


Já Panty&Stocking é o mais novo anime original feito pelo estúdio GAINAX, e o primeiro após a conclusão do projeto Gurren Lagann, finalmente finalizado com o lançamento no começo do ano do filme Lagann-hen em DVD. Muitos membros que fizeram Gurren Lagann ser o que é voltam para este anime que junta diversas características do estúdio, como o non-sense e o alto orçamento, no que parece ser uma desconstrução de certas características do anime em 2010, principalmente a alta sexualidade reprimida expressa através de corpos de pin-up em meninas com atitude de crianças crescidas em uma bolha de plástico. Panty [Calcinha] e Stocking [Meia-Calça] são desenhadas como crianças, mas como são safadas [em uma tira promocional publicada na NewType, Panty diz que claramente que ama sexo – onde mais você vê isso atualmente?]...

Esses dois animes serão os primeiros de uma série chamada Hype a ser publicada neste blog. Em vez de gastarmos um parágrafo tentando indicar algo poucos dias antes das estreias, vamos juntar as dicas que nos foram dadas pela produção [acredite, só sabemos o que eles querem] para montar um panorama em data razoavelmente anterior a estreia da série. E assim, as Primeiras Impressões serão em diversos casos escritas somente alguns episódios adentro, caso as expectativas iniciais se concretizem.
Outros animes que merecem atenção são: Kuragehime, o projeto do noitaminA para Outubro; Star Driver, o substituto de Sengoku Basara 2 que parece ser o “Code Geass” do BONES [mecha com apelo para fujoshi com uma escola de cenário] e Shinrai Tantei Yakumo, o substituto de Giant Killing e que pode ser um episódico interessante.

Pessoalmente não estou empolgado para Soredemo Machi wa Mawatteiru, o novo anime do SHAFT, Kami nomi zo Shiru Sekai, que talvez passe em horário nobre, ou Ore no Imouto ga Konnani Kawaii Wake ga Nai – que sem dúvida serão muito falados. Podem ser que ganhem um Hype próprio; mesmo assim ganharão espaço na tradicional postagem de expectativa no fim de Setembro.

Claro, há inúmeras continuações. A de Arakawa Under the Bridge é a que parece mais promissora, e é justamente pelo caráter da série, que se baseia na química entre os personagens – algo que foi evoluindo ao longo da primeira. Decepcionante o fato de Index 2 ter o mesmo diretor da primeira temporada, mas pode ser outra série com melhoria, se nesse ano e meio os erros foram corrigidos. As demais soam como tentativas de aproveitar para faturar mais uns trocados com o sucesso das versões anteriores.

Para finalizar, Ironman. Produto de uma parceria Marvel e MadHouse com foco maior no mercado ocidental que no Japão, parece ter interesse em agradar aos dois mercados. Se bem sucedido, pode ser mais uma porta de entrada para a animação japonesa. Mas para isso, precisará ter personalidade. É um desafio, principalmente com a altíssima expectativa depositada por muitos. Veremos.



Primeiras Impressões: Sengoku Basara 2


Sengoku Basara é um anime belo e bronco. Claramente usa toda a tecnologia disponível a um razoável custo-benefício a seu favor, sendo – como afirmado no Anime Records #01 – uma das poucas animações televisivas atuais a ganhar muito com a alta definição. Além disso, os demais quesitos técnicos não comprometem em nada, o que já é muito bom. Porém, a direção da obra peca – como os personagens, tanto é capaz de lutas empolgantes e mostradas de forma sensacional como perde tempo com discursos e conversas que variam entre o esquisito e o chato. Não há cuidado com o fluxo da narrativa – coisas demais são explicadas em forma de diálogo – e com estabelecimento de clima. Comédia [pastelão] ou drama não encaixam da forma devida, não funcionam. O jeito é mostrar porrada – mas falta porrada na primeira série.


Anunciado logo no fim da primeira temporada, Sengoku Basara 2 é parte de um projeto multimídia cujo outro pilar é o jogo Sengoku Basara 3, de lançamento conjunto com o anime. Tanto a animação quanto o jogo se baseiam na “esculhambação” da história japonesa do período Sengoku, de guerras entre os “senhores feudais” japoneses, principalmente na maior ilha, Honshu. Esses poderosos agora são fortes, bonitos e, claro, com poderes especiais – e com personalidades de alguma forma atrativas [apesar de, claro, tentar manter-se a relação entre o personagem e a figura histórica real]. E são quem importa – tanto que a paleta de cores das roupas deles [e SÓ DELES] é vibrante.
A segunda temporada começa com um primeiro episódio de “repetição como farsa” do equivalente da primeira [como em Strike Witches 2] no qual a principal mudança é a divisão clara das funções entre a Part A antes da abertura e a Part B após essa – e um comercial [divisão essa que lembra o bipolar Angel Beats!]. Basicamente, a Part A mostra tudo que Basara tem de bom: em clima de episódio final, temos de cara [e sem pedir licença, como no famoso começo da primeira temporada] uma batalha épica de tirar o fôlego entre muita, muita gente [claro, somente meia dúzia de personagens que importam tem nome] - a parte técnica continua irrepreensível, mostrando até leves sinais da evolução natural que o uso contínuo do mesmo tipo de traço proporciona.


Mas a Part B, após a boa abertura [que está mais com a cara da série do que a boa até demais anterior] é um festival de papo chato com justificativas para a próxima batalha. O fato de a primeira temporada não ter ido absolutamente a lugar nenhum em termos de roteiro, como se fosse uma saga ruim e passa-tempo de um manga infinito, reforça demais essa ideia. Difícil rolar algum desenvolvimento de algum desses personagens de personalidades já feitas na medida para conquistarem fãs, também difícil fechar qualquer porta – tanto matando algum personagem popular, quanto fechando a história definitivamente. O final desse episódio é um cliffhanger que parece forçar algum desenvolvimento de um certo personagem – mas também pode ser muito bem tática para chamar a atenção, e despertar a curiosidade para “só mais um episódio”. Nessa curiosidade de ver “só mais um” episódio, muita gente acaba vendo uma, duas ou até mais estações de certos animes.


Basara 2 é absolutamente conservador ao nem mesmo tentar refinar-se, agora que o público-alvo é mais amplo [e ele compareceu, tendo o primeiro episódio a maior audiência em mais de ano no horário na região de Tokyo]. Mas a fórmula vencedora da primeira temporada, de batalhas épicas com fundo pseudo-histórico sendo travadas em um anime que jamais se leva a sério, sendo feito com uma das melhores animações da atualidade persiste e parece não ter se esgotado em demasia. Ainda. Mas infelizmente o provável é o primeiro episódio ter sido um dos altos da série, com seu belo começo.

Nota – do episódio: 8 [Muito Bom]   
 


Primeiras Impressões: High School of the Dead




Nota: Review terminado há uma semana e baseado exclusivamente no primeiro episódio. Não foi postado antes para evitar excesso de postagem sobre o mesmo tema ao mesmo tempo; talvez tenha passado do prazo, mas acho que a publicação deste é melhor que sua não-publicação.


“Preparado?” [Are You Ready?], é o que a abertura pergunta. A combinação zumbis, sangue e calcinhas – claro, essas limpinhas e cheirosas – em um mundo apocalíptico é a sinopse dos sonhos de muita gente. Baseado em um manga de sucesso, principalmente no Ocidente [incrivelmente já está em publicação no Brasil], High School of the Dead sempre foi uma promessa. E quando um time conhecido, encabeçado pelo diretor de Death Note, está envolvido no projeto animado pelo estúdio Madhouse – um dos favoritos dos fãs por aqui, a expectativa só aumenta.


Um trailer de quase dois minutos – que é usado inteiramente no primeiro episódio – mostra qual é o forte da série: a boa ambientação do manga sendo potencializado pelos recursos presentes somente na animação, como som, cor e movimento. O quê de cinematográfico é exagerado, principalmente as tomadas de muito longe, mas no geral a direção – e fotografia – são afiados e introduzem bem a atmosfera do anime. A arte é muito bem feita, talvez a melhor das estreias [apenas Strike Witches se iguala], mas a animação é somente boa no geral ao priorizar a estabilidade do traço e reservando movimento para momentos mais importantes. O som não ajuda, mas não compromete – tanto as músicas das medianas [e nos quais também se gasta pouco] abertura e encerramento, quanto a trilha em si.

Já a câmera – a tremedeira característica dela faz parte da ambientação citada acima – merece um parágrafo a parte: para o que se considera um filme [ou jogo, para os mais modernos] de zumbi em animação, os graus de sexo e violência são reduzidos – e devem continuar assim. Provavelmente teremos que nos contentar com as calcinhas e as poças de sangue mostradas – Occult Gakuin mesmo mostrou desmembramento e diversos outros animes do AT-X, canal a satélite premium que tem prioridade na exibição de HOTD, são famosos pelas tetas de fora [né, Queen’s Blade?] – então, por que aqui não? O que temos é a bunda com calcinha de alguma das meninas ou sangue na parede ou chão sendo mostrados, focalizados – e isso é parte importante do show. Como disse Panina Marina em seu artigo [ver AQUI], “eles fingem que mostram e a gente finge que viu”.

 
Temos o estilo presente, mas há algo por baixo dele? Bem, o roteiro aqui serve somente como apoio para a série entregar o que tem de melhor – além de muita apresentação de personagens aparentemente unidimensionais que só daqui há algum tempo se tornarão importantes, há uma linha narrativa com início, meio e fim no primeiro episódio, que envolve o triângulo amoroso Takashi, Rei e Hisashi. Esses três, personagens até aqui rasos sem perspectiva de melhora, protagonizam um dramalhão que pretende mostrar o desespero presente neste tipo de situação, com um final que só aumenta o desespero de quem sobrevive. Acho mais efetivo – e mais cômico – uma cena onde duas estudantes, de mãos dadas, juram amizade eterna. Segundos depois, chegam os zumbis – e a jura é convenientemente esquecida. No mais, outras características do subgênero são mantidas, como a descrição pessimista da humanidade [a fala final do protagonista é absolutamente cretina, convenhamos] e o machismo. Mulher só serve mesmo para ser gostosa – e quem nunca deu uns tapas na sua mulher, não é mesmo?

HOTD é muito estilo e pouco conteúdo. A história deve ganhar mais camadas em breve, mas o que deve levar-nos a continuar assistindo é mesmo a ação e o fanservice – mistura explosiva que já foi a fórmula perfeita para o anime uma ou duas décadas atrás –, embalados em alucinantes doses de vinte e quatro minutos contendo a melhor arte da temporada. Deve ser a porta de entrada para muita gente aos animes – ou ao menos a algo que não seja battle shounen, além de ultrapassar fronteiras aqui no Ocidente, onde pode muito bem ser consumido pelo jovem de tendências nerd que não liga para desenhos japoneses. E fica uma pergunta: como será o final? Tenho a convicção de que não terá vinculação com o manga – será mais um Gantz ou Claymore a ser lamentado por anos adentro?

Nota: 8,5 [Muito Bom]




2010 Temporada do Meio - Shiki



Pontos positivos: a autoria da história original de  Fuyumi Ono, o que no meu conceito dá a Shiki o título de melhor do ano até me provarem o contrário!
Pontos negativos: o estúdio Daume é o maior candidato a acabar com minha alegria. +_+

Yuuki Natsuno está preso. Com apenas 15 anos ele se sente um preso conformado com seu confinamento. Diferente dos presos nas penitênciárias, sua cela está aberta. Todos os dias ele para no ponto de ônibus, e tudo que ele precisa fazer para escapar é subir em o ônibus. Ele não está sozinho em sua prisão, mas quando ele percebi isso, seu companheiro de cela já está morto.



Megumi Shimizo era uma "Lady" condenada a viver entre "caipiras".

"Todo dia, mesmo sem nada para fazer ela se emperiquitava toda com seu vestido mais elegante, seu guarda-sol para não queimar a pele e podia andar a esmo o dia todo". - É o que dizem os velhos da vila que sempre viam a jovem Megumi passar pelos campos entrando cuidavam de suas vacas e plantações.



Segundo sua amiga Tanaka, Kaori-san, Megumi era uma menina "ambiciosa".

-"Era questão de tempo até partir" - mas ao que parece Megumi tinha pressa - "Quando 'eles' chegaram, naturalmente todos ficaram curiosos, ainda mais pela forma como chegaram, mas a Megumi estava mais curiosa do que todos e, eu apenas imagino, ela deve ter pensado que eles poderiam ajudá-la a partir de Satoba mais depressa."



Foto mais recente da vítima, esperando o ônibus para a escola.

"Eles", chegaram no meio da noite sem serem vistos por ninguém além dos Kanami.

- "Eram duas da manhã quando de repente, um caminhão começou a buzinar bem em frente a minha porta". Uma entrada peculiar e potencialmente assustadora para aqueles de nervos fracos. Mas a proprietário do restaurante e posto de abastecimento, senhorita Yano Kanima, não é definitivamente uma mulher fraca, e descrença foi o que ela sentiu ao falar com o jovem motorista que desceu da cabine do caminhão. - "Eu fiquei surpresa quando vi aquele garoto, pensei que iria ter encrenca. Mas era apenas um piloto inexperiente meio perdido no volante.

O jovem motorista do caminhão de mudanças liderava o comboio de 3 carros que trouxe os novos moradores da inusitada casa construída na colina Kanemasa. A colina fica na periferia de Sotoba, e anteriormente abrigava uma imensa mansão histórica tradicional que em tempos passados era o lar do senhor daquelas terras. A antiga casa foi demolida sendo construída em seu terreno, no tempo recorde de 1 mês, uma imensa mansão de pedra em estilo clássico europeu. Se um dia a prefeitura do distrito resolver lançar um cartão postal de Satoba, fica aqui a sugestão de usar uma foto panorâmica da vila com a inscrição "Jogo do 1 erro".


Hoje a distinta residência da colina Kanemasa é ocupada pela igualmente distinta família Kirishiki. O senhor Seishirou, a senhora Chizuru e as pequena Sunako, assim como seus nomes, são de uma beleza "diabolicamente mortal".

Um fato curioso ocorreu três dias antes em uma parte isolada de Sotoba conhecida como Yamairi. O pequeno grupo de casas era residência dos Murasako. As três pessoas da família foram encontradas mortas de forma misteriosa por um jovem monge local. Todos parecem ter morrido de causas naturais, mas segundo a análise forense, todos cada um morreu em um momento diferente e a forma como os corpos foram encontrados da a entender que os outros, ou não perceberam, ou não ligaram para seus familiares mortos apodrecendo bem no meio da sala.



Igualmente estranha é a causa da morte da menina Megumi.

Na tarde do dia 12 de Agosto foi vista pela última vez por sua amiga Kaori:-"Foi bem no pé de Kanemasa. Eu comentei com ela sobre os Kirishiki terem chegado, e foi quando ela me pareceu muito interessada neles."


Na minha opinião isso é nada além de natural, mas a história começa a ficar interessante com o que Kaori diz a seguir:


-"Mas além de interessada neles, ele também estava decepcionada com todos os moradores da vila. Mesmo para mim, apesar de interessante, a chegada deles era 'apenas' isso. Naturalmente, logo nos iríamos conhecê-los pessoalmente, conversar com eles, ficar amigos deles, mas para a Kaori, isso era enervante, ela ficou revoltada!"


É fácil de entender os sentimentos da Megumi nesse ponto, mas o ainda falta esclarecer é o que ocorre a seguir, segundo Kaori diz, depois de gritar seu ótimo por sua terra natal, Megumi subiu a estradinha de terra que leva ao topo da colina e atualmente, ao portões da casa dos Kirishiki. Segundo Kaori diz, ela não ficou lá para olhar e continuou a caminhar com seu cachorrinho "Love".



A partir deste momento, Megumi Shimizu ficou desaparecida até ser encontrada pelos moradores de Sotoba na madrugada do dia 13 de Agosto. Ao contrário costumamos ver nesses casos, e de sua aparência ao ser encontrada, Megumi estava viva. Mas não por muito tempo. Sem ferimentos, ela permaneceu apática em sua cama até ser declarada morta na manhã do dia 15.


Novamente, sua amiga Kaori foi a última pessoa a falar com ela na noite anterior:

- "Eu fui visitá-la e fiquei assusta da com sua aparência. Pensando agora, ela parecia mesmo morta. Eu tentei conversar com ela para animá-la, e como ela tinha parecido interessada pelo assunto, eu falei que tinha encontrado a senhora Kirishiki. Mas a Megumi já conhecia toda a família."


Suas últimas palavras teriam sido "Sim, eles são muito bonitos"


- "Mas pobre Megumi, naquele momento, parecia que a sua beleza tinha sido toda roubada....".



O decano do hospital do local, senhor Toshio Ozaki confirma seu bom estado:

- "Excluindo as picadas dos insetos no bosque, ela não estava menos saudável que qualquer adolescente mal hidratado e alimentado, e se queixa apenas de estar com sono".



Um vila isolada, uma casa misteriosa com belos e misteriosos residentes e vários casos de múltiplas mortes não esclarecidas
Muitos idosos fofoqueiros, e jovens cheios de iniciativa.
Quais novos eventos mistérios aguardar por acontecer na pequena Satoba?

2010 Terceira Temporada (Julho) - The Legend of Legendary Heroes (Primeiras Impressões)




Ironicamente The Legend of Legendary Heroes acabou virando uma das estréias mais esperadas da temporada. E não precisa pensar muito para entender o motivo. Tem como não ficar curioso para assistir um anime que se chama "The Legend of Legendary Heroes"? Pois é, muita gente ficou impressionado com esse nome chamativo e resolveu vê-lo só por causa disso. O curioso é que essa temporada pelo menos já fica marcada, pois mostrou o quanto um nome pode ter importância na hora de divulgar um anime, e não só um anime, como qualquer outro tipo de obra. Por outro lado, mesmo um nome desses acaba sendo deixado de lado quando paramos para conferir esse primeiro episódio.


 

Não que a série seja necessariamente ruim, mas veja bem, estamos falando de um anime com o nome de "The Legend of Legendary Heroes". Se por um lado um título desses atraí atenção do povo, por outro é o mesmo que jogar um elefante nas costas, pois todos vão esperar um anime no mínimo lendário, o que passa longe de ser o caso aqui. Aliás, para quem não ficou babando somente por causa do nome e resolveu procurar mais informações durante a pré-estréia provavelmente percebeu que de lendário ele só teria o título. A história é o típico anime de capa e espada, na qual temos um protagonista valente, mas ao mesmo tempo "bobão", uma guerreira com bons dotes físicos, dois reinos inimigos, um rei com intenções das mais benevolentes, magias, espadas, escudos, calabouços e tudo o que você possa imaginar de uma história do tipo ou de um game de RPG japonês.


E é basicamente isso que temos nesse primeiro episódio. Claro, há algum mistério em torno de todos esses elementos, eles não estão jogados ao acaso. E a parte do lendário tem a ver com uma antiga lenda presente no universo onde a história se passa. Em resumo, conta a lenda de alguns heróis que no passado conseguiram feitos heróicos e acabaram virando seres lendários. Há no mundo várias relíquias ligadas a esses heróis e o Reino de Roland, mais especificamente o protagonista Ryner Lute está a procura desses artigos lendários. O novo rei de Roland é um ser com ambições benevolentes, que quer de alguma forma banir a aristocracia suja e garantir um reino justo e confiável para o povo. Ryner é justamente um dos melhores e mais bem treinados soldados (e amigos) do rei.


No começo da série temos justamente Ryner no meio de sua jornada lendária para recuperar os artigos igualmente lendários. O problema é que além dessa premissa lendária, as piadas e outras situações ocorridas durante esse episódio não são das mais lendárias, quer dizer, são as piadas e outras situações que tornaram os animes lendários, mas que ao serem usadas a exaustão nem servem mais como piada (assim como a presença ridícula das palavras lendas e lendárias dessa postagem). O que pode prender a atenção de quem assiste é justamente essa história de fundo envolvendo a busca pelas relíquias, o mistério em torno da guerra dos dois reinos, as ambições do rei benevolente e a maneira como o protagonista Ryner tentará cumprir seus objetivos.


Um detalhe interessante a se ressaltar é que The Legend of Legendary Heroes está sendo animado pela ZEXCS, o mesmo estúdio que tempos atrás fez Chrome Shelled Regios. As duas histórias guardam profundas diferenças, mas possuem elementos em comum, como o protagonista com passado misterioso, as lutas de espadas, o universo aberto da história e curiosamente o estúdio de produção. Regios pode até não ser o que de melhor o ZEXCS fez (não que exista muita coisa), mas era uma série competente dentro da sua proposta, que era a de ser um anime de ação sem muito compromisso, com apenas um ou outro elemento interessante dentro do seu universo (e para dizer a verdade Regios tinha algumas idéias legais, mas não comentarei aqui para não ocupar espaço demais).


Vejo The Legend of Legendary Heroes da mesma forma, e como o estúdio até que se saiu bem com outra obra de traços parecidos, não vejo motivo algum para não repetir a dose. Tanto que esse é um dos poucos motivos que mantém alguma expectativa da minha parte com relação ao anime, caso contrário já teria largado sem pensar duas vezes (e na segunda vez que pensei decidi dar uma chance extra a ele). O problema é que podem ter certeza, com todo esse papo de lendário, de lendário mesmo a série só tem todo esse falatório lendário em torno do seu nome lendário.



2010 Terceira Temporada (Julho) - Shiki (Primeiras Impressões)




Estréias do bloco NoitaminA sempre são esperadas, e com Shiki não poderia ser diferente. O NotimanA atualmente é o bloco mais famoso quando se trata de animes, exibindo tanto séries originais, como também adaptações de mangás e novels. Mesmo que as últimas estréias do bloco estejam com índices médios de audiência na casa de 2% o bloco continua sendo conceituado, e Shiki é a aposta do NoitaminA para essa temporada. O título é baseado num mangá de mesmo nome publicado na Jump Square desde 2007. A versão animada começou a receber atenção devido a sua ligação com o NoitaminA, embora o próprio enredo e visual também tenham chamado atenção.


 

Por essa pequena introdução é fácil perceber que Shiki era uma das estréias mais esperadas da temporada por parte dos fãs de anime. Alguns queriam assisti-lo somente por se tratar de uma série do NoitaminA, outro pelos elementos de terror e suspense presentes no original, há ainda aqueles que ansiavam por um grande anime e um último grupo que queria simplesmente conferir o trabalho do Gackt como dublador. E sim, esse último elemento já foi destacado no podcast, mas é sempre bom lembrar. Gackt é um cantor que divide bem a opinião das pessoas no ocidente, como todo bom ou mau artista nipônico, mas é inegável que ele tenha uma presença forte dentro do cenário musical japonês, e isso será um elemento que poderá contar pontos na audiência do anime.


De qualquer forma, com ou sem o Gackt a proposta de Shiki lembra em larga escala a de Higurashi no Naku Koro ni, com exceção de que o visual está mais "adulto" (pelo menos perto do moe de Higurashi) e a violência aparece em menor grau. De resto, o enredo e o cenário são bem semelhantes. Por exemplo, a história se passa numa vila interiorana chamada Sotoba, na qual estranhos casos de morte começam a acontecer repentinamente. Em Shiki, boa parte dos mistérios envolve uma exuberante mansão ao estilo europeu localizada numa área mais afastada do vilarejo, sendo que ela parece ter até mais importância do que a própria protagonista Megumi (que no final desse primeiro episódio não parece tão protagonista assim)


Por falar na Megumi, ela talvez seja um dos elementos que mais entram em contraste em relação ao resto do cenário. Enquanto as cores da vila e das outras pessoas são mais "comuns" ou menos berrantes, Megumi é a típica garota cor de rosa (literalmente) que sonha em namorar um cara bonito (nesse caso Natsuno Yuuki) e morar numa casa grande (por acaso a exuberante mansão citada linhas atrás). Além disso, nutre grande ódio pelas pessoas do campo e seu jeito tranquilo e largado de ser. Megumi não vê a hora de deixar a vila e todas aquelas pessoas consideradas atrasadas de acordo com a sua visão de mundo (enfim, é uma típica patricinha num bom português).


Mas esses planos ficarão somente no papel, já que Megumi está numa vila, que como toda vila de um seriado ou filme japonês de terror não tem piedade dos seus próprios moradores. Já no começo desse primeiro episódio um trio de senhores e senhoras são encontrados misteriosamente mortos dentro das suas próprias casas. Não que Megumi terá um destino tão trágico quanto o deles, mas não deve ser surpresa nenhuma que o futuro da garota não será o melhor num lugar desses, e parando para pensar, mesmo sem saber, o ódio da Megumi chega a ser compreensível (uma das coisas que menos gostaria na vida é de visitar um vilarejo tradicional japonês. Depois do que já vi em animes, filmes e games sinto que forças malignas rondam lugares como esses).


Um dos elementos que mais deixavam os fãs preocupados era com relação ao estúdio de produção. O Daume tem pouca experiência, sendo que a única série que teve o estúdio a frente da produção foi Minami-ke, que, no entanto, contrariando a previsão inicial de todos antes da sua estréia conseguiu se sair relativamente bem. O primeiro episódio de Shiki é uma repetição desse fato. Porém, o ponto é que o Daume não é um Production I.G ou uma Madhouse da vida, e embora a animação desse primeiro episódio esteja aceitável, ela é o típico feijão com arroz. É uma animação sem grandes atrativos, sem muitos efeitos de iluminação, jogos de câmera e outros elementos tão presentes nas obras dos dois estúdios citados. A verdade que até nesse ponto não chega a ser diferente da animação cambaleante do DEEN em Higurashi no Naku Koro ni.


A diferença é que pelo menos esse começo não gerou muita expectativa nos fãs, que não deram um parecer positivo a obra em sites como o My Anime List, que embora não conte a opinião da crítica (e veja que o ANN e outros sites deram um bom parecer) reflete as preferências do público de um modo geral. O ponto é que Shiki deverá ser exaustivamente comparado por essas pessoas com Higurashi no Naku Koro ni, mesmo que a proposta de ambos venha a se distanciar no futuro. Digamos que esse caso é novamente semelhante ao que tivemos em janeiro entre Sora no Woto e K-ON!, e em abril com Angel Beats! e Suzumiya Haruhi. Como sempre digo, Shiki deve ser visto como sendo Shiki e não Higurashi. Embora seja óbvio (e vocês dirão que apesar de tudo citei Higurashi, o que não é mentira. Mas vejam que em nenhum momento fiquei limitado a ficar fazendo comparações entre os dois) é sempre bom lembrar, há um complexo de plagio em algumas pessoas.

 

No mais, pessoalmente gostei de Shiki, mas senti que falta algo nele. Diria que a narrativa não gera a tensão que se esperava de uma série de terror, e nesse ponto a falta de uma animação mais dinâmica (com exceção de um ou dois momentos) não ajuda muito. Nesse ponto vale usar como exemplo a animação da Madhouse em HOTD, e a do A-1 Pictures em Seikimatsu Occult Gakuin. A narrativa de ambos é muito boa, mas elementos de animação ajudaram em larga escala na hora de se criar algum tipo de clima, e nisso Shiki apresenta uma grande falha. Mas não é de todo ruim, o uso dos recursos sonoros é competente. Claro que a maior parte do episódio acontece tendo como som de fundo o barulho das cigarras, mas convenhamos que mesmo sendo clichê, num cenário de verão, numa vila japonesa e ainda numa história de terror e suspense, esse elemento é praticamente obrigatório, ainda mais quando o estúdio consegue unir o barulho com o próprio enredo.

2010 Terceira Temporada (Julho) - Seikimatsu Occult Gakuin (Primeiras Impressões)




Terceira produção do inicialmente hypado bloco Anime no Chikara, Seikimatsu Occult Gakuin é a obra que tem a dura missão de dar novo ânimo ao bloco. De grande esperança, o Anime no Chikara tem se transformado num grande fracasso, isso tanto comercialmente, quanto em termos de qualidade. Tanto Sora no Woto, quanto Senkou no Nightraid não vingaram em nenhum dos dois campos e certamente serão animes que daqui a um ano poucos irão se lembrar. Para piorar esse quadro a verdade é que Seikimatsu Occult Gakuin era visto como um título menos chamativo do que Senkou no Nightraid, de modo que caso esse segundo falhasse, a credibilidade do bloco estaria praticamente comprometida. Infelizmente Senkou não cumpriu muito do que prometeu, e hoje, com exceção de algumas poucas almas insistentes (eu incluso), a terceira e última das primeiras obras anunciadas do Anime no Chikara chega diante de um cenário dos mais complicados.


 

A parte boa dessa história é que todos os problemas dos títulos anteriores pelo menos têm feito com que o hype em torno de Seikimatsu Occult Gakuin não seja dos maiores, o que torna mais fácil as pessoas simpatizarem com ele, mesmo que não seja uma obra altamente marcante e recomendável. A premissa do título pode até não ser tão chamativa quanto a do seu antecessor, mas os mistérios envolvendo uma obscura instituição de ensino voltada ao ocultismo e sua protagonista forte e decidida tem rendido alguns bons comentários a série por aí e nesse blog. O grande problema é saber se Seikimatsu manterá o ritmo, pois todos sabem que nem Senkou e nem Sora no Woto começaram de maneira ruim. Ambos tiveram um primeiro episódio bem aceitável, e que logo de cara abriam vários questionamentos interessantes, que hoje sabemos que ficaram pelo meio do caminho.


Dito isso, fica claro que o grande problema do A-1 Pictures (e isso não somente falando das obras do bloco Anime no Chikara, todas feitas pelo estúdio) não é o começo de suas séries, mas sim o desenvolvimento subsequente. Boa parte delas falhou miseravelmente na hora de manter os espectadores ansiosos pelos próximos episódios, e por isso Seikimatsu Occult Gakuin segue como grande incógnita. Poderia dizer tranquilamente que é uma das grandes estréias da temporada, e se não soubesse do histórico do bloco e do estúdio diria isso sem qualquer peso na consciência. Mas a realidade é outra, e mesmo adorando o conceito de Senkou no Nightraid e Sora no Woto não consigo colocar altas expectativas. O Anime no Chikara foi o bloco que conseguiu quebrar a idéia que muita gente tinha com relação a animes originais e que tratavam de temas fora do lugar comum. Para o mal, infelizmente essas pessoas descobriram que esse negócio de inovação nem sempre dá certo, e às vezes é melhor fazer mais do mesmo, só que de forma competente. Só mesmo o pessoal com o clássico complexo de inovação está glorificando e elogiando o Anime no Chikara nesse exato momento (e digo isso mesmo tendo sido um dos maiores entusiastas do bloco no seu começo. E olha que gostei muito de Sora no Woto, mas olhando mais friamente passa longe de ser aquilo que todos esperavam dele).


Mas se for só falar desse primeiro episódio, sim, Seikimatsu Occult Gakuin desponta como uma das grandes séries da temporada. Pouco foram os títulos que apresentaram um primeiro episódio tão enigmático. Nele fica claro algo que os produtores sempre ressaltaram antes da sua estréia, trata-se de um título de terror e suspense, com algumas boas doses de comédia. Se essa comédia fez alguém rir já e outra questão, mas essa mistura esteve sempre presente nesse primeiro episódio, e saindo dos possíveis efeitos óbvios de comicidade, a verdade é que esse foi o primeiro elemento a gerar controversa em quem o assistiu. Séries de comédia e terror existe aos montes por aí (pelo menos saindo fora dos animes), mas é bem verdade que é uma mistura polêmica e que não agrada a todos os gostos.


O que aconteceu nesse primeiro episódio de Seikimatsu é justamente isso. Temos aqui uma mistura entre o sério e o bizarro. Se por um lado vai agradar os fãs de uma boa série destinada a ser cult, esse pode ser um tiro no pé do próprio do bloco, que precisa desesperadamente agradar alguém, pois chegamos a um momento na qual ele não pode atirar as cegas. E tentar utilizar um conceito "estranho" desses não é uma das idéias mais brilhantes. Se as próximas obras do Anime no Chikara começarem a fugir dessa idéia de inovação e começarem a se utilizar de conceitos batidos, mas desenvolvidos de forma eficiente, acredito que não será nenhuma surpresa, mas sim um "mal" necessário para a sobrevivência do bloco (isso se sobreviver). Claro que ao falar disso é preciso que fique claro duas coisas. A primeira é que por inovação não estou falando de algo totalmente novo e diferente. Esse tipo de conceito e idéia não existe, e olhem para as três obras e vocês poderão detectar algo chamado comumente de clichê. Já o segundo ponto é que apesar do meu pessimismo quanto ao destino do bloco, Seikimatsu Occult Gakuin pode contrariar as previsões e acabar sendo uma série relativamente popular. Agora saber o quanto que é questionável.


Embora confesse que essa temática de ocultismo tenha seu público, acredito que ele deva ser muito limitado perto de uma história com toques de realidade social como foi Higashi no Eden, que tinha um elemento presente no cotidiano de qualquer japonês, e isso explica os índices bons de audiência que a série teve (para uma obra destinada a um público mais adulto) e a sua ida para os cinemas. Já Seikimatsu até agora desponta como uma boa história, mas mesmo que seja uma boa história, talvez acabe sendo somente uma "historinha" destinada a ser vista por um número insignificante de pessoas e que será esquecida logo logo.  Nada disso seria um problema se o Anime no Chikara não fosse um bloco destinado a um público otaku (embora Sora no Woto tenha todos os elementos comuns, embora ele próprio tenha tentado seguir por outro caminho), mas desde o começo essa nunca pareceu a proposta do bloco, então chega a ser irônico ver Senkou no Nightraid e o próprio Sora no Woto fazendo menos sucesso do que séries voltadas a esse público como K-ON!, Suzumiya Haruhi, Strike Witches e Angel Beats!.


De todo jeito, é uma série que pretendo assistir, pois essa união entre comédia e suspense do primeiro episódio foi bem agradável. Não houve nenhum foco excessivo para nenhum dos dois lados, então é possível dizer que foi algo bem harmônico. Além disso, tivemos questionamentos interessantes em torno da academia de ocultismo e outras questões sobre o lado pessoal da protagonista Maya, o que caracteriza um bom começo. Por fim, tanto o começo, quanto o final do episódio foram bem enigmáticos. Tem como não ser enigmático um final na qual um homem pelado do nada desce do céu?

 

Primeiras Impressões: Strike Witches 2


 
A imagem acima divide opiniões, sem admitir meio termo, assim como Strike Witches: você ama ou odeia. A ideia de um mundo alternativo no qual a Segunda Guerra Mundial é substituída pelo enfrentamento de ETs sem forma, para os quais a melhor opção de combate é aproveitar a magia existente nesse mundo muito parecido com o nosso através de uma espécie de foguetes colocados nas pernas de belas – e muito jovens – meninas-soldado pertencentes a uma unidade da elite internacional causa o que em você? Se ainda está em dúvida, duas coisinhas: 1 – parece que há uma lei no mundo que proíbe todas as mulheres menores de 35 anos de vestirem calças/saias/vestidos e 2 – a mágica tem como efeito colateral o crescimento de orelhas e rabo de algum animal.


Strike Witches executa de forma boa a ideia acima - tem roteiro simples mas redondo, complementado por boa direção e a presença de cenas de ação, além de muito fanservice – mas só. Aliás, fez sucesso por saber que tem de ficar dentro da zona de conforto que seu público-alvo otaku delimita. Porque a continuação seria diferente? O primeiro episódio de Strike Witches 2, que retoma a série de onde parou através de um episódio que busca reciclar o primeiro, reforça a ideia de que o objetivo é oferecer mais daquilo. Algumas pontas – da animação [os primeiros 50s após a abertura foi a melhor coisa que uma série ofereceu em animação nessa temporada] ao roteiro que parece que será um pouco maior desta vez – foram aparadas, mas é só. Basicamente para fãs.

Nota: 7,5 [Bom]



Primeiras Impressões: Seikimatsu Occult Gakuin




 

O terceiro projeto do até aqui fracassado bloco da TV Tokyo [emissora japonesa que mais investe em animação atualmente] e ANIPLEX [braço da Sony para animes e atualmente a produtora mais bem-sucedida do mercado] denonimado Anime no Chikara [O Poder do Anime], Seikimatsu Occult Gakuin, teve bem menos hype do que seus antecessores Sora no Woto e Senkou no Night Raid antes da estreia – o que o torna ainda uma surpresa maior do que já é.


Julho de 1999, um pouco antes do temido último eclipse do milênio – que foi uma versão menor, graças ao tamanho [bem] menor da internet na época, do apocalipse que se prevê para o fim do calendário MAYA em Dezembro de 2012 –, Japão. Nossa protagonista, a forte [principalmente na personalidade] sem ser masculina [como o cabelão e o vestidinho mostram] MAYA, sai do mundo real rumo a Occult Gakuin [Academia do Oculto] para o funeral de seu pai, o fundador e diretor dessa.

 
No funeral, algo que irá testar – em vários sentidos – Maya acontece: seu pai ressuscita. Como um lamie – um misto de zumbi e vírus que é inteligente. Isso obriga Maya a tomar uma atitude – a negação que inicialmente demonstra não se mostra a resposta ideal ao problema, que evoca primeiro seus problemas com o pai, que preferiu a construção e desenvolvimento da academia do título à família; e segundo o sobrenatural, foco do estudo na academia – justo ela que a privou de uma vida junto de seu pai.

A atitude que toma só faz ter mais certeza da intenção que proclama no fim do episódio: destruir a academia. Aqui começa o roteiro, com uma personagem redonda tendo sido muito bem apresentada... um celular? Cinco da tarde? Uma luz? Um garoto pelado? O “continua” – que desemboca no encerramento que força demais em ser diferente – cai no exato momento em que o aparentemente desconexo minuto antes da abertura começa a fazer sentido.

 
Essa é só a cereja do bolo que demonstra o quão esse primeiro episódio foi bem montado. O roteiro que consegue contar uma pequena história, fazendo-nos simpatizar com [ou ao menos entender] a protagonista, aliado a pequenas dicas que podem ser importantes a frente [como o comportamento muito suspeito da secretária] tem como aliados uma direção clássica [do uso de flashbacks à decisão de se manter abertura e encerramento no primeiro episódio], mas muito afiada [a tensão na cena de “terror” do episódio é maior do que todo o primeiro de HOTD], e uma parte técnica de alto nível, mas com fotografia genérica, característica do bloco – impressionante como os diversos times do A-1 Pictures conseguem manter um nível alto de animação [lutas bem coreografadas, traço muito estável] e os diferentes compositores, cada um a seu modo, obtém como resultado trilhas diferentes e divertidas.

Occult Gakuin tem um primeiro episódio que o coloca definitivamente como uma das grandes promessas da temporada. Intrigante, é um sopro de ar fresco na mesmice que anda essa temporada. Bem executado, não deixa que seu potencial deixe de ser aproveitado. E sinaliza uma linha entre um enredo amplo e complexo – espero que a simbologia tenha pelo menos algum sentido dentro da série –, com contínua evolução durante a série, e a episódica resolução de casos que duram um ou dois episódios. Não é perfeito, mas superou as minhas expectativas. Recomendado.

Nota: 9 [Ótimo].







Créditos ao site: Subete Animes

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